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Redação

contato@acessepiaui.com.br

22/04/2020 - 08h58

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22/04/2020 - 08h58

Mortes por Coronavírus || Será se o colapso funerário em Manaus é fake?

Entre 12 e 19 de abril, 656 pessoas foram enterradas na capital do Amazonas, uma média de 82 sepultamentos por dia.

 Uol

 

Desde que imagens de caixões sendo sepultados em uma vala coletiva de um cemitério de Manaus foram veiculadas por sites e pela TV, uma reação negacionista cresceu nas redes sociais. Bolsonaristas afirmaram que aquilo não correspondia à verdade e acusaram fotos e vídeos de serem resultado de manipulação e de não retratarem a capital do Amazonas. Afinal, se o coronavírus é uma "gripezinha", como atestou o presidente, aquilo só pode ser uma farsa.

O prefeito Arthur Virgílio Neto (PSDB) confirmou, ao Painel, da Folha de S.Paulo, que retroescavadeiras têm sido usadas para abrir e fechar valas coletivas em enterros.

Dados obtidos pelo repórter Flávio Costa, do UOL, mostram que, entre 12 e 19 de abril, 656 pessoas foram enterradas nos locais administrados pela Prefeitura de Manaus - uma média de 82 sepultamentos por dia. A média de 2019 é de 28 cerimônias.

Nem todos os mortos são por Covid-19, claro, mas a expansão da pandemia é a principal razão para o aumento significativo de óbitos. Tal qual o sistema de saúde do município, seus cemitérios também não estavam preparados para essa explosão. Muitos mortos são enterrados sem a causa da morte em seu atestado de óbito devido à inexistência de exames para Covid-19. Outros acabam falecendo em suas residências pela falta de leitos e também são sepultados sem que se saiba a causa. O subdimensionamento é gritante.

"Estamos chegando no ponto muito doloroso, ao qual não precisaríamos ter chegado se tivéssemos praticado a horizontalidade da quarentena", afirmou o prefeito. "Estamos em ponto de barbárie."

O colapso do sistema de saúde, lotado de pacientes com Covid-19, dificulta o tratamento de acidentados e pessoas com outras doenças. Ou seja, a pandemia gera aumento de mortes não apenas por consequência de sua própria infecção, mas também pelo não atendimento de outras situações. Alerta-se a semanas que isso aconteceria em todo o país. Manaus será a primeira, mas não a última em que isso vai acontecer.

E reside aí a razão do negacionismo. Uma cena assim não poderia ser fruto de "gripezinha", "fantasia", "histeria", "resfriadinho" ou "pequena crise" - termos usados por Jair Bolsonaro para tratar da pandemia.

Uma das maiores batalhas a serem travadas no combate ao coronavírus e seus desdobramentos é contra as tentativas de desinformação geradas pelo presidente, seus fãs e aliados.

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Leonardo Sakamoto é jornalista, nas redes sociais e no Blog do Sakamoto no Uol. 

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